(Foto: Reprodução) Falta d'água no sertão piauiense: em Paulistana, barragens estão quase secas
O Rio Pilões, que passa por Paulistana, a cerca de 460 km de Teresina, secou completamente. O cenário evidencia a seca que castiga o semiárido do Piauí, com mortes de animais e prejuízo para moradores. "Tivemos uma perda total da produção da agricultura familiar", destacou o secretário de agricultura da cidade.
De acordo com a Prefeitura de Paulistana, os demais reservatórios de água da cidade estão com menos de 20% da capacidade. A escassez de chuvas começou em janeiro.
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A pouca água que sobrou nas barragens da cidade é barrenta e imprópria para o consumo humano. Ainda assim é usada para o banho e tarefas domésticas, e os moradores precisam andar cerca de 2 km mais de duas vezes por dia para buscá-la
Desde maio de 2025, o Piauí enfrenta uma 'seca precoce' que impacta pelo menos 126 cidades. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, reconheceu a situação de emergência desses municípios.
"É para o banho, lavar roupa, outras labutas de casa e para os bichos. Tem que fazer tudo dela, é a que tem. Quando seca aqui a gente tem que procurar [outro reservatório] longe", disse o agricultor Evaldo Rodrigues.
Segundo Lucas Brito, secretário de agricultura da cidade, as barragens de Paulistana foram construídas há cerca de 20 anos e nunca haviam secado completamente. O gestor relatou ainda que os 25 caminhões pipa disponibilizados pelo exército, Defesa Civil e prefeitura não conseguem suprir as necessidades dos moradores, que sofrem com mortes de animais e prejuízos nas plantações.
"É angustiante ver um agricultor familiar chegando na secretaria, pedindo socorro e a chorar, dizendo que se a gente não conseguir levar a água, não vai ter para os animais. A gente teve uma perda de 100% na agricultura. Nós perdemos todas as plantações, de milho, feijão e outros. Os agricultores não conseguiram tirar nem o alimento do dia a dia", disse o secretário.
O secretário afirmou que um acordo foi feito com associações da região para a compra de cerca de 590 toneladas de milho para auxiliar os criadores de animais.
Além da agricultura, a seca está prejudicando a apicultura local. "Quando a abelha consegue um lugar melhor, ela faz a retirada, para buscar um meio de viver com mais garantia", explicou Lucas Brito.
Os apicultores têm se esforçado para garantir o alimento e água para as abelhas, até que chegue o período das chuvas.
Estiagem afeta outras cidades piauienses
Em Fartura do Piauí, agricultores não conseguem comprar água para consumo próprio e dos animais e relatam medo de perder rebanhos. Na cidade de São Raimundo Nonato, uma das maiores barragens da cidade ocupa somente 10% de sua capacidade.
Os dois municípios estão incluídos no alerta de estiagem do MIDR, que reconheceu em maio a situação de emergência devido à seca.
Com a Lagoa da Fartura totalmente seca, os moradores de Fartura do Piauí dependem de caminhões pipa para ter água. Cada carga custa cerca de R$ 1,2 mil. Agricultores relatam dificuldades para manter os animais, segundo Rosileide Braga, secretária municipal de Agricultura.
Em São Raimundo Nonato, a barragem Petrônio Portela está com menos de 10% da capacidade. O reservatório, que pode armazenar até 180 milhões de metros cúbicos, tem apenas 20 milhões. Ele é responsável por abastecer 70% da cidade e outros seis municípios da região.
Rio Pilões, em Paulistana, totalmente seco
Reprodução: TV Clube
*Andréa Gomes, estagiária sob a supervisão de Lucas Marreiros.
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